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PSICOLOGIA



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A Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma demência degenerativa. Este conceito remete para uma alteração global do funcionamento cognitivo. É uma doença que começa com perturbações de memória em que o doente começa por apresentar queixas frequentes de esquecimentos do local onde colocou determinados objectos.
Numa fase inicial o doente têm consciência da sua situação, mas à medida que a doença progride o doente vai perdendo a consciência da sua doença e das suas dificuldades.
Os problemas de linguagem também começam a ser cada vez maiores. O doente durante o seu discurso tem alguma dificuldade em encontrar as palavras e com o evoluir da doença, ao não conseguir encontrar a palavra certa, cria parafrases (palavras sem significado). A sua linguagem começa a ser cada vez mais confusa e a fazer cada vez menos sentido. A compreensão da linguagem também começa a ser cada vez mais difícil para o doente de Alzheimer. Esta situação começa muitas vezes por trazer conflitos entre a o doente e a sua família, que não o entende e este que não se consegue fazer entender. Para agravar esta problemática, as alterações comportamentais e mudanças de personalidade também se começam a manifestar numa fase mais avançada da doença. Podem manifestar sintomas depressivos como, apatia, desinteresse, desmotivação, sintomas ansiosos tais como, ansiedade generalizada, fobias, perturbações obsessivo-compulsivas. Podem manifestar também comportamentos agressivos, desinibição sexual ou até mesmo ideias delirantes.
A doença de Alzheimer é também caracterizada por perturbações Práxicas, em que o doente começa a ter dificuldade na execução de gestos desde os mais simples tais como, dizer adeus, fazer o sinal de chamamento, benzer-se, até aos mais complexos, tais como servir-se de uma tesoura ou vestir-se.
O doente começa também por perder capacidades de orientação quer no espaço, em que acontece muitas vezes o doente perder-se mesmo perto de casa e mais tarde dentro da própra casa, quer no tempo, em que o doente não sabe nem em que dia e mês está e muitas vezes nem no ano em que se encontra.
O doente vai progressivamente perdendo também a capacidade de se lembrar de rostos (prosopagnosia), inicialmente dos menos familiares e à medida que a doença progride, vai-se esquecendo das pessoas mais proximas. Começa por se esquecer das noras e genros, depois dos netos, mais tarde dos filhos, e por último do marido e muitas vezes da sua própria identidade.


AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA DOENÇA DE ALZHEIMER

A avaliação Neuropsicológica é muito importante na doença de Alzheimer, na medida em que permite determinar com mais rigor a gravidade das das perturbações cognitivas e apoiar as constatações clínicas que apontam para um diagnóstico de demência.

Para identificar a doença de Alzheimer em primeiro lugar deve ser feito um diagnóstico diferencial, que permita excluir doenças que apresentam alguns sintomas idênticos, tais como perturbações cognitivas não demenciais, outras demências degenerativas e não degenerativas. Por vezes torna-se difícil diferenciar a doença de Alzheimer numa fase inicial, de uma perturbação cognitiva não demencial, como é o caso de uma síndrome depressiva, que apresenta também problemas de memória dos factos recentes, dificuldade de concentração e atenção, desinteresse, apatia e pouca iniciativa.
Para que o diagnóstico da doença de Alzheimer seja feito correctamente, para além do diagnóstico diferencial, devem ser avaliadas as várias perturbações cognitivas e não cognitivas inerentes à doença:
- Diagnóstico diferencial
- Avaliação das Perturbações da Memória
- Avaliação das Perturbações da Linguagem
- Avaliação da Capacidade de Abstracção
- Avaliação das Perturbações Práxicas
- Avaliação das Perturbações Gnósicas
- Avaliação das Perturbações não Cognitivas (comportamentais e de humor)

TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

O tratamento não farmacológco engloba uma variedade de técnicas que devem ser utilizadas consoante a evolução da doença, ou seja o tratamento não farmacológico será orientado de forma diferente ao longo das várias fases da doença.
Falar de reabilitação na doença de Alzheimer não parece que seja sensato, visto que reabilitação signifia regeneração. Ora, a doença de Alzheimer é uma demência degenerativa e por isso impossível de ser reversível. Em todo o caso podemos falar de habilitação, ou seja, perparar o doente e os seus familiares para a doença, no sentido de proporcionar uma melhor qualidade de vida a ambos, modificando comportamentos e padrões de vida desadaptativos ao nível da vida social, profissional e emocional. É também importante trabalhar os aspectos cognitivos do doente, utilizando estratégias distintas em função do estado específico do doente, para que a evolução da doença seja mais lenta e para que o doente aprenda a lidar com as suas dificuldades inerentes a uma deterioração das funções cognitivas.

Adaptação do ambiente:
Em primeiro lugar, deve haver uma adaptação do ambiente onde o doente vive, às suas dificuldades. Sinalizações no chão ou nas paredes, desobstrução das passagens, etc.

Trabalhar aspectos emocionais:
O doente deverá ter apoio psicoterapêutico no sentido de minimizar o sofrimento causado pela síndrome depressiva ou pelas perturbações de ansiedade, típico da fase inicial da doença, em que o doente sente perder o controlo das situações e o medo do futuro. Esta é uma fase em que o doente ainda tem consciência da sua situação e por isso devem ser trabalhados os sentimentos e emoções do doente relacionados com o seu problema. O objectivo terapêutico deve ser o de estimular a auto-estima do doente, de reduzir os sentimentos de ansiedade e depressão, ajuda-lo a ter mais autonomia e a evitar a perda de controlo.
As técnicas cognitivo-comportamentais, como as estratégias de gestão de stress e reestruturação cognitiva, podem ser úteis, na medida em que podem reduzir a ansiedade e o medo face ao futuro. As técnicas de relaxamento também podem ser eficazes para melhorar a qualidade do sono que é frequentemente alterada na doença de Alzheimer e as perturbações da ansiedade em geral.
Estas técnicas podem e devem também ser aplicadas aos familiares do doente, que também estão a viver momentos de sofrimento, nomeadamente sentimentos depressivos e ansiosos.

Trabalhar os aspectos cognitivos:
A terapia deve também ajudar o doente a habilitar a sua memória utilizando métodos específicos, tais como utilização de agendas adaptadas ao doente e outras coisas práticas que o ajudem na sua vida quotidiana.
Outras técnicas de habilitação cognitiva, consistem em utilizar exercícios que permitam “desenvolver” a linguagem, a memória, a atenção-concentração, a leitura, a escrita, a orientação e a coordenação motora.